© o Diário de Katja #6
era maquiavélico! o teu pai compreendia o meu sofrimento, por ter de injectar pessoas sabendo que poderiam morrer em nome de uma ciência obscura. e ele focou-se em chegar às chefias para detectar quais os cargos eram exercidos por homens corruptíveis. para nosso espanto, eram todos! excepto a directora do departamento financeiro, que me encontrou a soluçar na casa-de-banho e perguntou porquê. eu só sussurrei que, se lhe dissesse, a vida dela poderia estar em perigo. no dia seguinte ela demitiu-se e apareceu-nos em casa para lhe explicarmos o que é que estava a acontecer. Andrey não a deixou entrar, perguntou-lhe se ela nos queria pagar o funeral por aparecer assim em nossa casa. ela compreendeu o suficiente e deixou-nos em paz. deixou-nos na caixa do correio um cartão pessoal com o seu contacto privado e escreveu: ligar se precisarem de ajuda. nós tínhamos esconderijos nas paredes e no soalho. ainda lá está apesar de, efectivamente, lhe termos ligado.
(continua)