© o Diário de Katja #9
precisava de muito repouso e Stephany, a minha amiga de infância, foi fulcral para que eu o tivesse. tu, meu anjo, chegaste com a Primavera de 1941. a Madre, sempre solicita, queria que eu tivesse um telefone para contactar com o teu pai, como fazia quando estava em Londres. mas eu tive medo que estivesse sob escuta e desistimos da ideia. também não lhe podia escrever e desvendar onde estava. os últimos quatro meses de gravidez revelaram-se o desafio mais fascinante e o mais difícil da minha vida. eu precisava de correr, de cansar o corpo para estar calma, era o meu momento zen, mas continuava com perdas de sangue e a Madre decidiu chamar o seu médico pessoal. ele explicou-me que eu podia ter um aborto espontâneo se não ficasse deitada em total repouso e prontificou-se em voltar quando eu entrasse em trabalho de parto. para minha alegria, deu-me acesso à sua biblioteca dedicada às múltiplas vertentes da medicina. estudar tornou-se o meu descompressor, exercitava o cérebro.
(continua)